terça-feira, 31 de maio de 2011

A técnica mais comum é colocar tudo em corpo 280, fica impossível escrever merda até porque você só teria condição de ler o m, quem sabe com sorte ou uma tela grande mer. A vergonha cresce na mesma medida das letras, falo da vergonha de quem escreve e não de quem escreve vergonha em corpo 280 caso em que só falaria v. Eu por exemplo ando escrevendo uma quantidade admirável de impropérios, provavelmente salvo da timidez apenas pela cara de pau sem limite e geneticamente adquirida, insulto algum aos meus pais, como todos sabem um dos dez mandamentos é jamais desrespeitar os progenitores dizendo que herdou sua cara de pau diretamente deles, mas assumir que você é o primeiro sem-vergonha da sua família talvez seja faltar com a verdade, tipo de falso testemunho que é outra das proibições claras dos dez mandamentos; não posso dizer aqui se é o oitavo ou sétimo porque sinceramente não sei essas coisas têm alguma ordem. Sobre meus pais o que posso adiantar é que um deles era pai, outro irmã, e outro mãe, convém explicar já que o plural nunca é gentil e jamais inclui as mães que nos carregaram por nove meses com a bexiga encolhendo e quase sentando antes da novela mas já levantando, ninguém consegue segurar xixi naquela condição por muito tempo, e no fim todos sabem que as novelas são sempre as mesmas, principalmente as grávidas, que já alguns meses atrás deixaram a TV e foram fazer coisa melhor na mesa da cozinha. Não inclui também irmãs, jamais entenderei o motivo, todos sabem que não existe a menor lógica nisso, se você conhece minha irmã entende menos ainda e não me pergunte que obviamente não faço ideia. O fato é que acabei aqui, sem saber de onde vim nem o motivo, mas certo de que esfolei com os dez mandamentos no passado, e por passado entenda de ontem em diante para a retaguarda, caso contrário tudo teria sido mais suave e com gelo. Isso claro quando era acredite é possível ainda mais estúpido e não lembrava do que lembro hoje às 23:27, coisa que não desejo para ninguém, não sei se suportariam sem chorar e molhar todo o teclado que já não funciona propriamente quando seco, eventualmente tomando choques absurdos, as mãos se retorcendo e teclando coisas absolutamente incompreensíveis como punsdkzl;slhm que com corpo 280 soaria ainda mais enigmático mas não menos estúpido.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ela me disse que não, arriscado, o marido está perto, o que é uma forma absolutamente encantadora de sim. Quer mas não pode, só um pouco, até começar, logo, a poder. Isso não seria nem dito aqui, senhoras casadas não fazem essas nojeiras e mesmo se hipoteticamente fizessem não deveríamos jamais acreditar quando alguém conta. Na verdade não existe aqui nenhuma falta de cavalheirismo, isso é coisa da tecnologia, esse diabo com rabo ligado na parede que todos sabemos manda nas nossas vidas. Meu teclado às vezes parece que vai ter um troço e não há quem segure o rosário de mentiras, barbaridades, jabaculês, hipérboles, mandingas, insultos, coisas que nem eu mesmo acredito quando leio, não costumo ser de viadagem mas já aconteceu de fechar o olho e não querer mais ler o que saía dali por coisa de 11 linhas, falo de um trecho de minha autoria que até hoje naturalmente desconheço, de maneira que não poderia nem argumentar inocência ou assumir a culpa caso alguém com o coração petrificado resolvesse como forma de castigo ou por simples prazer, sei de casos que mulheres de salto, casadas ou não, pisam nas vergonhas alheias e se matam de prazer enquanto os carpetes gritam, resolvesse como eu dizia antes de contar das loucas que esmagam sacos, ler para mim, em voz alta e dizendo que fui eu, textos que jamais saberei se escrevi ou não, incluindo detalhes da putaria mais baixa que fariam pessoas com razoável experiência no meretrício sorrirem envergonhadas enquanto baixam a cabeça e colocam a mão com esmaltes de gosto duvidoso na testa, preocupadas com a direção para onde o mundo segue; tenho certeza de que isso é prova cabal do absoluto perigo da eletricidade.

domingo, 1 de maio de 2011

Parece coisa única mas a freira veja nunca é toco, note que sempre dentro da roupa mora uma mulher ou algo assim. O negócio é que é muito importante perceber desde já que a coisa é um sistema, um todo feito de partes, móveis ou não, depende da freira e não pergunte que não conheço, de longe parece aquilo que você sabe e reza para não encontrar no mesmo avião. Assim jamais maciça, senhora simpática de olhar sádico carrega em cima de si a igreja e as cruzadas, bruxas queimadas e prédios góticos, confissões e quem sabe batinas largadas, talvez não por ela, sabe-se lá, depende da freira, talvez a batina largada fosse só caso de lavanderia. Da mesma maneira guardas e médicos, soldados ou garis, qualquer tipo uniformizado carrega a corporação e tudo que ela tem de lindo e imprestável, vidas salvas e barbeiragens, prisões e propinas, guerras e seja lá o que de bom os soldados fazem, limpeza e seja lá o que de imprestável os garis fazem. Nós, que andamos sem uniforme, carregamos as etiquetas, o preço ou as marcas, quem sabe uma mancha de cândida ou café, um descuido que nos une eternamente, fazemos parte da corporação dos que babam na gravata, da companhia internacional dos que pisaram em algo estranho durante o almoço, da federação dos seres que não notam que a cueca aparece acima da calça, federação essa distinta dos que tiram a cueca para fora da calça de propósito. Devotos da salsa nos dentes, somos o exército das meias furadas nos restaurantes japoneses, especialistas da união internacional dos amigos com preguiça de trocar lâmpadas queimadas, sócios do clube local de proprietários de torneiras que pingam, fácil notar por nossos trajes, somos os cooperados da cafeteria ruim, em dias quentes, a armada dos sovacos impressos. Sem nossa colaboração triunfal, esse mundo seria absolutamente infame.