domingo, 19 de junho de 2011

Os sinônimos continuam iguais uns aos outros, e muitos às vezes fazem algo de diferente, quase sempre igual a algum diferente que outro sinônimo elegeu como mais igual que o resto. Qualquer sinônimo sabe que isso deve ser calculado, “não devemos correr riscos à toa igual a muitos insensatos que vagam arrependidos pelo acostamento”. Naturalmente ser um sinônimo como qualquer outro não é simples, caso de usar as mesmas roupas, casar com as mesmas mulheres, fazer a mesma barba e ganhar o mesmo salário, acordando à mesma hora e comendo no mesmo refeitório, pegando o mesmo ônibus ou o mesmo carro e seguindo pela mesma estrada sem jamais parar no acostamento, caso em que se teria que pensar no caminho. Não devemos correr riscos, fora aqueles riscos que todos corremos, enquanto sinônimos, riscos que nossos iguais já aceitaram e testaram, não precisaremos dar explicações em casamentos ou batizados, péssima hora para explicações porque a água está fria e a criança grita sem parar. Ainda assim temos que ir ouvir os berros, é uma longa tradição dos sinônimos, seria de péssimo tom perguntar que graça ou propósito aquilo tem, como se a vida fosse para ter graça ou propósito. Todos sabemos que temos as mesmas contas a pagar dos mesmos apartamentos, temos impostos das mesmas vagas da garagem e temos que avisar que os mesmos elevadores quebraram nos mesmos andares, insuportável o mesmo perfume que a mesma senhora insiste em impregnar na mesma fórmica imitando a mesma madeira. Passa pela cabeça apertar emergência, ligar o ventilador, tocar o alarme ou chamar a portaria, mas como todos sabemos mais seguro é apertar o mesmo andar.


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A teoria é a de que o corno não é algum tipo de acréscimo a sua cabeça. É sua chegada à normalidade, adorno que faltava à sua testa, consciência de ser inconsciente das obviedades próximas a você; ainda mais próximas a alguém cuja existência você supostamente deveria desconhecer. Anormal seria não ter essa experiência. Um ser completo, a certeza e a total desinformação dentro de um mesmo corno. Estranhos são os mochos, aqueles a quem ainda faltam um par de coisas. Obviamente esse é o ponto de vista de alguém que teve (ou tem) a sombra pontiaguda.

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