domingo, 28 de agosto de 2011

E ela seguiu dizendo notando minha tristeza que eu deveria ir em frente com confiança que jamais daria com os burros n’água. Talvez por associação com o bicho de pasto referido pensei de imediato na vaca amarela, animal fantástico do folclore dos que falam excessivamente nos dias em que acordam calados e não arrisquei um pio, mas minha vontade era explicar na hora que os burros já fazem mergulho autônomo a essa altura, já são subburros, burros submarinos se vossa senhoria tem apreço pela norma culta, de maneira que a preocupação não era se daria ou não com os bichos n’água, mas se os cilindros teriam ar o bastante para que algum burro sobrevivesse. Evidentemente ela se preocupava com a motivação, um conceito subjetivo, e eu lidava com a realidade clara e óbvia de manter algum quadrúpede em estado de marcha abaixo da linha d'água, tendo desistido de evitar uma possível dor de ouvido, não há maneira de impedir o mar de invadir orelhas daquele tamanho, e isso deveria ser óbvio inclusive para otimistas que vivem fantasiando já que eu, realista e metódico, só penso em calcular rapidamente o tempo de descompressão para o caso de algum dia a maré baixar até o ponto em que orelhas enormes apontem no horizonte.

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